quarta-feira, 14 de março de 2018

Concentração nas Reuniões Mediúnicas / Irradiações

Introdução

Uma das dificuldades dos integrantes das reuniões mediúnicas diz respeito à concentração.
A capacidade de controlar, direcionar e manter o pensamento dentro das finalidades da reunião é, para a maioria, um esforço muito grande e que nem sempre dá bons resultados. Não raro os pensamentos se dispersam, fixam-se em fatos do dia-a-dia e acabam por tornar alguns sonolentos, enquanto outros estão distraídos e longe dos objetivos propostos para um trabalho sério. Alguns poucos, então, conseguem uma boa concentração e estes sustentarão os trabalhos programados, porém, como é óbvio, sem alcançar melhor produtividade devido aos bloqueios vibratórios existentes no ambiente.

A nossa cultura ocidental não dá ênfase à necessidade do controle mental, pois é fundamentada em uma mentalidade racional, extremamente prática, extrovertida e imediatista valorizando a horizontalidade da vida terrestre, exatamente oposta ao Oriente, cuja mentalidade se estrutura de forma intuitiva, mística e introvertida e que realça a essência espiritual do ser humano, incentivando a busca da verticalidade.
Nos últimos tempos tem-se notado um sensível aumento no interesse por algumas práticas orientais, ressaltando-se a meditação, cujos benefícios estão sendo procurados pelos ocidentais, que despertaram para a necessidade de uma busca interior, ou seja, o autoconhecimento.

A concentração que é praticada nas reuniões mediúnicas, evidentemente, tem conotações próprias e não deve ser tomada aqui como as realizadas nas práticas orientais, embora os aspectos semelhantes nas suas bases, quais sejam a disciplina mental, o controle e equilíbrio dos pensamentos. Exatamente por terem estes mesmos fundamentos é que citaremos algumas definições de autores do Oriente, visto que a sabedoria oriental é multimilenar e pode beneficiar-nos sobremaneira através desses pontos comuns.

Concentração - Conceito: Concentrar, segundo o dicionário Aurélio, significa "fazer convergir para um centro ou para um mesmo ponto. Aplicar a atenção a algum assunto".

Um autor oriental, Mouni Sadhu, esclarece que o poder de concentração consiste na "habilidade para manter inabalavelmente sua percepção sobre um tema escolhido, pelo tempo que você decidir continuar com ele" (Do livro "Meditação").

É exatamente essa capacidade de concentrar nos objetivos da reunião mediúnica que irá favorecer a realização dos trabalhos.
Leon Denis, em sua magistral obra "No Invisível", alerta:
"Conforme o seu estado psíquico,
os assistentes favorecem ou 
embaraçam a ação dos Espíritos"

Dificuldades de Concentração

Deixamos a palavra com Leon Denis, que assinala o motivo principal da dificuldade de concentrar:
"Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar. 
Sua mobilidade constante e sua variedade infinita pequeno acesso oferecem às influências superiores. 
É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento acorde com o pensamento divino.(...)"
("O Problema do Ser, do Destino e da Dor", cap. XX)

A reunião mediúnica apresenta ainda outras conotações que são peculiares ao tipo de atividade que ali se desenvolve.
Assim, a dificuldade de concentrar-se nos objetivos elevados que o exercício da mediunidade requer é resultado da pouca prática que a maioria das pessoas têm de fixarem seus pensamentos em assuntos edificantes, em ideais e idíeias nobres durante o seu dia-a-dia. Estão com a mente sempre ocupada pelos problemas e questões do cotidiano, por coisas supérfluas e interesses imediatistas, pelo noticiário e programa da TV, por literatura e músicas teor inferior, por conversações extremamente banais e irresponsáveis, e não conseguem esvazia-la desses assuntos para dar campo às influências benéficas dos Espíritos Superiores, dos Mentores que assessoram os trabalhos.

Ensina Leon Denis:

"As preocupações de ordem material criam correntes vibratórias horizontais, que põem obstáculo às radiações etéreas e restringem nossas percepções. Ao contrário, a meditação, a contemplação e o esforço constante para o bem e o belo formam correntes ascensionais, que estabelecem as relações com os planos superiores e facilitam a penetração em nós deo eflúvios divinos ".

A importância da concentração mediúnica

"Nesse sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor, de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passageira junto ao Cristo".

Nossos pensamentos têm determinado teor vibratório, de acordo com os sentimentos que os tipificam.

É imprescindível compreendermos que o pensamento é energia viva "construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros(Emmanuel - "Roteiro", cap.28).

Este é o processo natural de sintonia e que predomina no curso de nossa existência.
Nas tarefas mediúnicas esta sintonia apresenta peculiaridades próprias. É essencial que exista uma afinizaçào, uma sintonia entre os participantes para que se estabeleça uma sincronia de forças, a conhecida "corrent vibratória".

Pode-se inferir, desde agora, o quanto é importante a concentração individual, visto que a qualidade dos trabalhos de intercâmbio depende fundamentalmente da participação consciente e responsável de cada um.

Recordemos Leon Denis, quando leciona a respeito:
"São favoráveis as condições de experimentação quando o médium e os assistentes constituem um grupo harmônico, isto é, quando pensam e vibram em uníssono. No caso contrário, os pensamentos emitidos e as forças exteriorizadas se embaraçam e anulam reciprocamente..."(No Invisível)

Ele acrescenta ainda que o médium em meio a essas correntes contrárias fica bloqueado, sem condições de atuar mediunicamente ou bastante prejudicado na filtragem das mensagens.

Em "O livro dos Médiuns", o Codificador ressalta a necessidade da concentração ao referir-se à reunião como um ser coletivo, resultante das qualidades e propriedades de seus membros e esta tanto mais força terá quanto maior homogeneidade vibratória houver. Ele afirma que o poder de associação dos pensamentos de todos é que contribuirá para a comunicação dos Espíritos, "mas a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer em um só, o que não pode dar-se sem a concentração"(Item 331).

Portanto, cada participante precisa estar consciente de sua contribuição para que haja êxito nas atividades programadas pela Espiritualidade Maior.

João Cleófas(Espírito), m seu excelente livro "Intercâmbio Mediúnico", desenvolve o pensamento de Kardec e Denis, em linguagem moderna:
"A média que resulta das fixações mentais dos membros  que consituem o esforço da sessão mediúnica oferece os recursos para as realizações programadas.
A concentração individual, portanto é de alta relevância, porque a mente que sintoniza com as idéias superiores vibra em freqüências elevadas"

Como Obter uma boa Concentração

A concentração não requer um esforço físico. Pessoas que tentam concentrar franzindo a testa, fechando os olhos com força ou denotando qualquer outro tipo de tensão muscular não alcançarão a finalidade a que se propõem.

Ao contrário do que imaginam, a concentração exige um relaxamento e passa por alguns estágios, quais sejam:

1. Relaxamento - O relaxamento do corpo físico serve para preparar e favorecer a calma, a tranqüilidade interior.
2. Abstração - Abstrair-se do mundo exterior, de tudo ao seu redor.
3. Interiorização - Fazer silêncio interior, abstraindo-se também dos conteúdos psicológicos(emoções, pensamentos, imagens, lembranças, etc).
4. Fixar a mente - A mente se fixa e a atenção volta-se exclusivamente para o objetivo da reunião.
5. Aquietar a mente - Neste ponto a mente se aquieta e, no caso dos médiuns, oferece espaço para a sintonia mental com o Espírito que irá transmitir a comunicação.

Afirma João de Cleófas:

"A concentração, é, pois, a fixação da mente numa idéia positiva, idealista, ou na repetição meditada da oração que edifica, e que, elevando o pensamento às fontes geradoras da vida, dá e recebe, em reciprocidade, descargas positivas de alto teor de energias santificadoras."(Intercâmbio Mediúnico)

Pensamentos Intrusos

Todos os que se iniciam nos exercícios de concentração ou de meditação percebem que é difícil controlar os pensamentos e que, com freqüência, vêem-se assaltados por pensamentos intrusos, inconvenientes e inoportunos.

Deixemos a lição a respeito com um dos mestres orientais:
"No início toda a sorte de maus pensamentos podem ocorrer, se levantarão na sua mente. Você se sobressaltará . Ficará atormentado. Isto é um bom sinal. É sinal de progresso espiritual. Voe está evoluindo espiritualmente. Esses pensamentos, com a continuidade(dos exercícios), morrerão  com o tempo".(Trechos do livro "Concentração e Meditação",
de Swami Sivananda).

Ele também aconselha que a pessoa não lute contra a sua mente durante a concentração.
O mais acertado é aceitar com tranqüilidade e estabelecer o hábito de retorno, isto é, retornar aos objetivos propostos.

No livro de Mira y Lopes, "Curso Prático de Concentração Mental" o autor refere-se ao"hábito de retorno", para disciplinar a mente.
André Luiz, sintetizando o esforço que os integrantes dos grupos mediúnicos devem realizar, anota em seu livro "Os Mensageiros" a palavra de Aniceto, relativa ao nosso tema:

"Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos  pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial, de nobre união para o bem, é indispensável o trabalho preparatório de atividades mentais na meditação de ordem superior. A atitude íntima de relaxamento(este termo tem neste contexto o significado de descaso), ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação tão-só porque estes se entreguem apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos compulsórios de amor cristão.(...)."(Cap. 47)

A Doutrina Espírita é um convite permanente à transformação moral, levando a um processo natural de autodescobrimento e propiciando condições para a realização desse encontro pessoal. Toda essa mudança, quando ocorre naquele que já interiorizou os princípios espíritas, denota um amadurecimento que favorece a uma nova compreensão da vida e a uma necessidade premente da busca da verticalidade. Quando existe essa conscientização o indivíduo torna-se cônscio de usas responsabilidades procurando, então, adquirir hábitos equilibrados, o que irá favorecer a sua concentração enquanto integrante de um grupo mediúnico.

Deixemos com Emmanuel a palavra final:

"Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas que se afinam contigo, tentando influenciar-te através de ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos pensamentos da Humanidade, mas se buscas o Cristo, não ignoras em que altura lhe brilha a faixa."
("Seara dos Médiuns", Faixas pág. 125).

Fonte: Revista "O Reformador"


Irradiação

Conceito: Etimologicamente irradiar significa lançar de si, emitir (raios, energia, fluidos, pensamentos, sentimentos). Radiar tem o significado de resplandecer, refulgir, lançar raios de luz ou calor, aureolar, cercar de raios refulgentes; irradiar.

Vibração é o ato de vibrar, ou seja, fazer oscilar, bramir, agitar, mover qualquer fluido ou energia na atmosfera.

Em termos de Espiritismo a definição para irradiação é: Transmissão de fluidos espirituais à distância.

Fundamentos da Irradiação: “A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 15)

“O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do pensamento, que impulsionado pela vontade alcança o ponto desejado, seja no caso de recepção de nosso apelo, ou no momento em que apenas lhe chegue o nosso bom pensamento.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 10)

Fundamentos da Irradiação: “Para compreendermos o que ocorre em tal circunstância, precisamos nos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o espaço, todos os seres, encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera. Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.

Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou na dimensão espiritual, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 10).

A irradiação está amparada no trinômio:
Vontade / Fluidos / Pensamento

Irradiação

Mecanismo de Irradiação:

 Possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende além dos limites da nossa esfera corporal. (O Livro dos Espíritos, pergunta 662)
Os nossos pensamentos e sentimentos podem ser irradiados a longas distâncias num mesmo plano de vida ou entre os planos físico e espiritual.

“capacidade de expansão dos nossos pensamentos e sentimentos guarda relação com a nossa evolução, porque “cada um de nós respira (vibra) em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento (...)” “Entre a terra e o Céu” - André Luiz, Cap. Conflitos da Alma.

Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem aos fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades como um químico muda as dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis.

Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente (ou espontâneo).

Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (“A Gênese - Allan Kardec”, Cap. XIV, itens 14 e 15).

Os fluidos e forças magnéticas psíquicas e espirituais, submetem-se à lei das proporções, isto é, cada um de nós movimenta uma certa quantidade relativa dessas forças, que pode ser ajuntadas com as do mundo espiritual proporcionalmente sendo então carreadas para o seu objetivo. (“Palavras da Vida Eterna”, cap. 31 – Emmanuel).

 Dessa forma, através da prece, aliada à vontade sublime de direcionar recursos fluídicos, formar-se-á uma corrente fluídica. Tal corrente é composta por fluidos dos encarnados que oram, e dos fluidos espirituais manipulados pelos Espíritos cooperadores que auxiliam na irradiação. A vontade é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motriz.

Atividade de Irradiação

Finalidade:  Representa uma atividade complementar dando sustentáculo ou reforço espiritual para as atividades do Atendimento Espiritual no Centro Espírita, por isso devemos:
  •         Vibrar pelos trabalhadores do Centro Espírita e do Movimento Espírita, pela paz e pela harmonia universais;
  • ·      prestar solidariedade a todos aqueles que trabalham para neutralizar as forças negativas, ainda reinantes no Planeta, as quais favorecem as guerras, as lutas fratricidas, a loucura, o suicídio, o homicídio, a subjugação às paixões inferiores.

Caráter da Reunião: privativa (sem público)

·         Duração: A ser definida. Recomenda-se, no máximo, uma hora de irradiação.

·    Participantes: um coordenador, colaboradores treinados na irradiação e disciplina mental, para a sustentação vibratória.

Atividade de Irradiação:

·        Requisitos dos participantes: conhecimento da Doutrina Espírita, equilíbrio emocional e espiritual, fé e capacidade de concentração, conduta moral, ausência de vícios (fumo, álcool, etc...).
·       Recomendações permanentes aos participantes: manter o hábito da prece e da meditação, exercitar a concentração, estudar as formas pensamentos, manter vigilância mental.

Desenvolvimento das atividades:

·         Leitura preparatória.
·         Prece inicial.
·         Vibrações.
·         Prece final.

Requisitos da reunião: união de pensamentos, concentração e silêncio respeitoso, perfeita comunhão de vistas e sentimentos, cordialidade entre seus participantes e desejo do bem.

Fonte: União Espírita Mineira