sábado, 23 de setembro de 2017

Transfiguração, bilocação e bicorporeidade

1.Transfiguração O primeiro a tratar dos fenômenos de "transfiguração" foi Allan Kardec, no "Livro dos 

Médiuns" (cap. VI, n° 122). Kardec explica que transfiguração "consiste na mudança do aspecto de um corpo vivo". Estas mudanças podem ser mais ou menos completas, segundo o estudo de casos feito por Ernesto Bozzano, publicado no livro "Phenomenos de Transfiguração", cuja tradução foi publicada no Brasil em 1940. As modificações na aparência do corpo físico do médium podem: 

• alterar traços físionômicos; 
• alterar a voz; 
• alterar o peso; 
• alterar a altura; 
• esconder partes do corpo. 

2. A transfiguração nada mais é que uma fase inicial da materialização Ernesto Bozzano dedicou uma vasta pesquisa no estudo sobre esta mediunidade de efeitos físicos (Transfiguração) através da coleta de casos ocorridos com determinados médiuns em diversos países da América e da Europa. A transfiguração consiste na mudança do aspecto do corpo do médium, o que significa imprimir em sua matéria semelhanças de fisionomia, expressão, olhar e até mesmo timbre de voz, que varia de acordo com o grau moral do espírito e também do médium. 

“Na Transfiguração de Jesus, pureza do perispírito de Jesus permitiu que seu Espírito lhe desse excepcional fulgor”.‖ KARDEC, Allan. A gênese. Cap. 15, item 44 

3. “E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés e um para Elias (Mt17:3-4). – A percepção da presença de Moisés e de Elias, por parte dos apóstolos, pode ser catalogada como vidência mediúnica ou como materialização espiritual, que independe da faculdade de ver Espíritos. O fenômeno foi, entretanto, muito nítido, a ponto de Pedro pedir ao Senhor para construir um tabernáculo ou tenda, citada em outras versões. Fala, pois, mais a favor de uma materialização dos dois emissários do povo hebreu. 

4. “E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o. E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram grande medo. E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, ninguém viram, senão a Jesus. E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos” (Mt17:5-9). – Mais um efeito físico acontece no alto do monte, onde se encontravam reunidos Jesus, três apóstolos e dois Espíritos desencarnados: o fenômeno de voz direta, vinda do interior de uma nuvem luminosa, também materializada. ―A voz que ouviram era um hino de glória, que os Espíritos superiores entoavam em louvor do Mestre.‖ RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. Cap. 17. 

5. Impressionantes fenômenos de transfiguração Quem narra este caso é o Dr. Ellis Powell, personalidade bastante conhecida no campo das investigações metapsíquicas. Escreve ele: "Há algumas semanas achava-me em Preston, e tive ocasião de entrar em relação com a personalidade mediúnica do "doutor Bancroft", a qual se manifesta por intermédio do médium H. B. Tyler, de Preston, e a forma por que se manifesta é o "transe" do médium, com transfiguração completa do rosto. O doutor Bancroft informou ter sido médico de grande clientela e falecido no ano de 1837. Forneceu detalhes sobre sua própria carreira terrena, os quais foram reconhecidos verdadeiros, compulsando-se publicações médicas do período indicado. Havia quatro pessoas presentes além do médium: minha mulher, minha irmã, minha mãe e eu. Não se fizeram preparativos especiais. Sentamo-nos em semicírculo em torno do médium, sem abaixar as persianas, de modo que o sol dardejava no quarto. 

6. Depois de cerca de dez minutos de uma conversação de ordem geral, o médium deu sinais de passar ao estado de "transe" e com isto assistimos a um fenômeno extraordinário: no espaço de três ou quatro minutos seu rosto se transformou a tal ponto que, se não houvesse assistido por inteiro ao processo de transfiguração, observando-a de perto e em plena luz, não o teria mais reconhecido pelo mesmo indivíduo. Ocorrido isto, o doutor Bancroft beijou as mãos das três senhoras com educada cortesia do século décimo oitavo, e logo depois iniciou o seu trabalho de médico consultado. Tive o cuidado de nada dizer acerca dos sintomas de minha moléstia e da sua presumida natureza, pois que ele próprio descreveria tudo, e com isso me poria em situação de poder julgar se estava ou não plenamente informado a respeito. Tomou-me uma das mãos por alguns instantes, e logo começou a descrever, de modo exatíssimo, extraordinário, os sintomas do meu mal, que me mantinham sob viva preocupação. Depois me dirigiu perguntas, as quais subentendiam conhecimento a meu respeito que ninguém no mundo podia saber. Em seguida, assegurou- me que em mim não existiam moléstias orgânicas, mas que se tratava de uma desordem funcional acentuada, que descreveu em termos de fisiologia. Depois ditou as prescrições. Tal consulta de além-túmulo não foi só grandemente benéfica a minha saúde, mas revelou- se extremamente interessante como exemplo magnífico da capacidade de um "espírito- curador" para diagnosticar e descrever não só o significado preciso dos sintomas de um mal, mas as causas originárias dos próprios sintomas, sem a mínima indicação da parte do consulente...“ Phenomenos de Transfiguração", cuja tradução foi publicada no Brasil em 1940. Ernesto Bozzano. 

7. Licantropia: Licantropia é uma palavra que têm origem num vocábulo grego composto de Lykos (lobo) e tropos (forma). Significa, segundo a crença popular, a transformação de um homem num lobo ou a metamorfose, de que determinados seres humanos se transformavam em lobisomem. Para a ciência ainda não é possível o reconhecimento dessa metamorfose, fisicamente falando. Já para o espiritismo essa mudança ocorre no perispírito.Perispírito : (peri+espírito) Envoltório semi-material correspondente ao corpo astral, intermediário entre o corpo e o espírito, não destrutível pela morte . 

8. Para que se entenda melhor : O homem é um Espírito encarnado, o laço que une a alma e corpo é o perispírito e por fim vem seu corpo material. É no perispírito que as impressões da vida desregrada dos homens ficam marcadas, refletindo aquilo que o Espírito é ou foi. Por isso vemos as pessoas que desencarnaram tal como quando ainda estavam vivas. O que pode ocorrer porém, é a deturpação do perispírito pelo desequilíbrio do ser, normalmente causados pela auto-obsessão ou mesmo por obsessores. Possessão. Diz-nos André Luiz que o Perispírito não retrograda, mas sim se degrada, ou seja, distorce de tamanha forma seus pensamentos que marca, ou registra no perispírito, todo mal que sente. Psiquiatras dizem que normalmente, os licantropos apresentam polifagia – desejo demasiado por alimentos – além de comportamentos esquizofrênicos. Alguns estudos relatam que o sangue pode ter cor amarelada, a pele toma um tom esverdeado e crescem dentes pontiagudos. Uma doença conhecida como Hipertricose, muitas vezes confundida com a licantropia, nada tem a ver com o caso. Essa doença causa o crescimento desordenado e exagerado de pelos no corpo do doente devido há um problema genético. Mas, espiritualmente falando, a degradação ocorre no perispírito, como foi dito anteriormente, pela obsessão, possessão ou subjugação, que acaba por deformá-lo. A Doutrina Espírita vem por assim dizer, desmistificar o mito dos lobisomens e mostrar que, o que foi visto por muitos, é a mudança do corpo perispiritual do homem para a forma animal. Muitos são os videntes desse mundo, a vidência não é obra do espiritismo, já existia antes mesmo de sua codificação e o espírito, mesmo que transformado em animal, desde que queira ser visto, o será. 

9. Esses espíritos desencarnados e animalescos, aproximam-se dos encarnados (desde que o encarnado de vazão aos maus pensamentos) causando a obsessão. A vítima, ligada aos obsessores ficará aprisionada por eles afastando-se de Deus. Semelhante a hipnose, recebem os obsediados (vítimas) em seu campo mental, todas as vibrações negativas dos obsessores, que será refletida em seu perispírito, modificando assim a sua forma humana. Muitos casos já relatados na primeira parte deste artigo, mostraram pessoas encarnadas em estado animalesco, bem como a vidência de espíritos já desencarnados, na mesma forma animal. Muitos são os espíritos que vivem na erraticidade (desencarnados) que devido a fragilidade de seus pensamentos, erram e passam a perturbar-se, mergulhando no arrependimento e na culpa, incapazes de se perdoarem. Os motivos para essas obsessões(possessões) normalmente são a vingança e o ódio, mantido de pelo algoz para com a vítima, com ou sem ligações com vidas pretéritas, mas muitas outras coisas podem agravar essa situação. O uso de drogas por exemplo. São contudo, raros os casos de Licantropia desde que o homem, ao poucos, vem reavivando a visão sublime do amor de Deus. Hermínio Miranda, no livro Diálogo com as sombras, relata um caso de zoantropia em que um espírito, recebe como que por hipnose no campo mental, a sugestão da metamorfose, essa sugestão modifica seu corpo perispiritual, fazendo-o parecer-se com um animal. Para saber mais leia: Nas Fronteiras da Loucura – Manoel Philomeno Nos Domínios da Mediunidade e Libertação - André Luiz. 

10. CONCEITO DE ZOANTROPIA , LICANTROPIA, CINANTROPIA - A palavra Zoantropia tem origem do latim (zoo= animal e anthropos= homem) e é o fenômeno em que espíritos desencarnados devotados ao mal se tornam visíveis aos homens sob formas de animais, demonstrando assim sua degradação tanto moral, quanto espiritual. Esse processo de transformação também pode se dar através de uma metamorfose perispirítica, processada através de uma indução hipnótica, em que o desencarnado inferiorizado em suas culpas, ganha a forma animalesca. Uma das espécies de Zoantropia é a Licantropia e a Cinantropia que serão tratadas abaixo. Licantropia tem origem do vocábulo grego lykanthropía composto por Lykos (lobo) e tropos (forma), o que significa de acordo com o livro Estudando a Mediunidade de Martins Peralva “é o fenômeno pelo qual espíritos, pervertidos no crime, atuam sobre antigos comparsas, encarnados ou desencarnados, fazendo-os assumir atitudes idênticas às de certos animais.” No caso da licantropia o animal seria um lobo e a pessoa que sofre esse processo é chamada de Licantropo, que é uma palavra que tem origem do vocábulo grego lykaánthropos que significa: “ 1. Alienado que sofre de licantropia.. 2. Por extensão, Lobisomen.” É um caso de fascinação em que uma ilusão é produzida pela ação do Espírito sobre o pensamento do médium fazendo o acreditar em coisas absurdas e colocando-o em situações constrangedoras. De acordo com o artigo da Revista Cristã de Espiritismo, n° 35, onde o autor aborda a questão da Zoantropia, ele afirma que se trata de um caso de Subjugação, que de acordo com o Livro dos Médiuns (Capítulo XXIII) se trata de “uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado” o que não deixa de ser parecido com a fascinação. A licantropia pode ser agressiva ou deformante. No primeiro caso, a licantropia se expressa através da violência, da alucinação e pode chegar ao crime. Já o segundo é um caso extremo onde a pessoa imita os costumes, atitudes e posições de vários animais. 

11. A cinantropia é uma espécie da zoantropia onde o fenômeno em questão é igual a da Licantropia, mas o animal em que a pessoa se transforma é semelhante a um cachorro. Não constam muitos dados na literatura sobre o assunto.


Bilocação

1. Diferença entre Bilocação e Bicorporeidade: Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns” trata do assunto, detendo-se na bicorporeidade, não se refere à bilocação por dar a entender que se trata do mesmo fenômeno visto de outro ângulo. 

Bilocação: Estar em dois lugares diversos ao mesmo tempo. 
Bicorporeidade: Aparecer com dois corpos em dois lugares distantes. 

O perispírito por sua organização de flexibilidade , expansibilidade, tangibilidade, penetrabilidade, aparição e emacipação da alma fornece inúmeras condições de ação ao Espírito, mesmo quando encarnado, sendo o propulsor de toda e qualquer ação é o Espírito. Para que essas propriedades se tornem evidentes, necessário se atender às leis dos fluidos, no que tange as suas condições de afinidade, quantidade necessária e qualidade dos fluidos; além do conhecimento e a elevação moral do Espírito que manuseia tais fluidos. 

2. Bicorporeidade: É o fenômeno pelo qual um indivíduo, vivo, pode manter sua presença de forma tangível em dois lugares diferentes, ao mesmo tempo. O fenômeno ocorre com a materialização de seu Perispírito exteriorizado, mantendo uma forma tangível aparente, enquanto o corpo carnal permanece em outro local, em estado anormal, isto é, em transe, ainda que simples. Findo o fenômeno, o Espírito retoma seu corpo adormecido e desperta normalmente. 

A bicorporeidade, como o próprio nome o conceitua, não admite uma terceira presença, porque os encarnados possuem dois corpos, o físico e o espiritual, mantendo-se cada um, face às circunstâncias, com as seguintes características: Corpo Físico - presença real - com a vida orgânica; Corpo Espiritual- presença aparente - com a vida do Espírito. Sendo o Espírito indivisível (LE, perg. 92), somente um corpo pode ter vida ativa e inteligente, e é o corpo carnal. Kardec menciona não conhecer exemplo em que os dois corpos gozassem, ao mesmo tempo e no mesmo grau, de uma vida ativa e inteligente, pois o que anima a matéria é o Espírito, e este é indivisível. 

3. Não Há Perigo De Morte Na Bicorporeidade No fenômeno da bicorporeidade não há perigo de morte para o homem, porquanto seu Espírito, ao afastar-se, lê pensamentos e prevê situações que podem acontecer, dado que fica ligado ao corpo físico pelo cordão fluídico que mantém o controle de comunicação da mente para o corpo, e do corpo para a mente. Se algo acontecer ao corpo físico, o Espírito pode voltar imediatamente. Pode-se dizer, ainda, que o corpo aparente, embora materializado, é um corpo fluídico e não-orgânico, não podendo ser morto. Epes Sargent, em seu livro "Bases Científicas do Espiritismo", cap. VI, mostra a ocorrência de materialização de uma mão, que sofre o atentado a faca, sem consequências maiores para o médium, salvo a sensação dolorosa que durou por algumas horas, além da desagradável sensação da penetração da lâmina em seus músculos, nos tendões. 

4. Casos de Bicorporeidade e Bilocação 

Eurípedes Barsanulfo: Notável médium que viveu em Sacramento – MG, dotado de moral irrepreensível, por várias vezes se fez notar no fenômeno da bicorporeidade. Encontramos alguns relatos bastante interessantes, principalmente por terem sido presenciados por testemunhos nem sempre afeitos à Doutrina dos Espíritos. Eurípedes era professor, sendo o fundador do Colégio Allan Kardec em Sacramento (o primeiro colégio espírita em todo o mundo). Era médium dotado de variados tipos de mediunidade, destacando-se a mediunidade de cura e o receituário mediúnico. Muitas vezes entrava em transe durante uma aula e se prestava a socorrer necessitados através da bicorporeidade; certa vez, após um transe, dirige-se aos alunos e diz: - Prestem atenção. Acabo de fazer um parto difícil, numa residência atrás da Igreja do Rosário. O marido não sabe que a criança já nasceu e está a caminho daqui, para solicitar ajuda. Quando ele entrar na sala os senhores devem ficar de pé para o cumprimentarem. E o homem entrou logo em seguida, muito aflito, de roupa de montaria e chapéu, pedindo a Eurípedes que fosse até a sua residência, com urgência fazer o parto pois sua mulher estava muito mal e a parteira não estava conseguindo resolver o caso. - Acalme-se, respondeu o médium sorrindo, já fiz o parto há 5 minutos atrás... - Não é possível disse o homem, há 5 minutos eu o teria visto no caminho. - O senhor não me viu porque eu fui em Espírito, mas eu vi o senhor, respondeu Eurípedes, e pode voltar para sua casa sossegado, a menina que nasceu é linda e forte. O homem porém duvidou e só saiu dali com Eurípedes junto. Chegando a casa se deparou com a esposa que segurava no leito a filhinha. A parturiente ao ver o médium exclamou: - O senhor não precisava vir de novo seu Eurípedes, eu e o bebê estamos passando muito bem! Em várias outras ocasiões este médium pôde ser visto simultaneamente em dois lugares. 

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA: Estando Antônio em Pádua, teve uma visão. (...) Na sua cidade natal, Lisboa, viviam ainda os seus parentes: o pai, a mãe, os irmãos e as irmãs, que se encontravam implicados num caso de homicídio cometido por outros. Havia naquela cidade dois indivíduos que se odiavam mortalmente. Um deles, encontrando-se certa noite com o filho do rival, decidiu vingar-se nele e, favorecido pela escuridão, surpreendeu-o, arrastou-o à sua própria casa e ali trucidou-o barbaramente. Depois sepultou o corpo no jardim da casa dos parentes de Antônio. (...) Sabendo que o jovem fora, naquela noite, visto nas propriedades do palácio de Martinho, deram busca pelos arredores e pela propriedade toda. Guiando-se pela terra removida de fresco, chegaram ao cadáver cheio de ferimentos. Bastou esse indício para que as suspeitas do homicídio caíssem sobre Martinho, que foi preso com toda a família, segundo o costume da época. Aproxima-se o dia da sentença, que teria sido uma sentença de condenação, se Antônio não tivesse vindo em auxílio dos seus. Certa noite, ele pediu licença ao superior para sair do convento, e se pôs a caminho de Lisboa. Lá chegou prodigiosamente na manhã seguinte quando não seriam suficientes três meses para percorrer a distância entre Pádua e Lisboa. Chegando à sua terra natal, apresentou-se ao tribunal para pedir a liberdade de sua família. Como era natural, não foi atendido, visto serem por demais graves os indícios acumulados contra ela. Antônio pediu, então, que lhe trouxessem o cadáver da vítima. Ao vê-lo, ordenou-lhe, em nome de Cristo, que voltasse momentaneamente à vida para indicar o seu assassino. O corpo animou-se, confessou abertamente que nenhum membro da família de Antônio era culpado da sua morte e depois caiu novamente no seu sono de morte. A novidade do milagre e a solene declaração de tal testemunha foram suficientes para libertar a família de Antônio, com a qual ele passou aquele dia. Despediu-se ao cair da noite e, no dia seguinte encontrava-se novamente no seu convento em Pádua. 

SANTO AFONSO DE LIGUORI: Em Arienzo, na manhã de 21 de setembro de 1774 depois de haver celebrado missa, atirou- se num sofá, entrou em transe profundo, desdobrou-se e materializou-se onde se encontrava o Papa Clemente XIV e assiste ao seu desencarne. Em 22 de setembro, às 7 horas da manhã, no momento mesmo em que Afonso recuperava os sentidos, chegou a notícia da morte do Papa em Roma. 

SÃO FRANCISCO DE ASSIS: Um ex-leproso não é aceito em sua casa. Ora e pede socorro a Frei Francisco. Nesse instante, Francisco balbucia uma breve oração e entra em transe profundo. Os frades estavam se familiarizando com esses momentos da vida do Apóstolo e entraram em profunda concentração. Francisco desdobra-se, vai àquela casa e se materializa a todos os que ali se encontram causando grande admiração porque era noite e a casa era distante de onde moravam os frades. - Mulher, porque relutas em receber de volta teu marido?... - Frei Francisco! exclamou a mulher, tuas palavras são como ordens de Deus! Abraça o marido e lhe pede perdão. A seguir, encaminha-se para Francisco e, quando tenta abraça-lo, ele não está mais na sala. 

Frei Galvão: Franciscano Antonio de Sant’Anna Galvão, nasceu em Guaratinguetá, São Paulo, em 1739 e morreu aos 84 anos, no Mosteiro da Luz. Aparecia em dois lugares ao mesmo tempo, levitava e tinha premonições. Em 1810, frei Galvão apareceu para um capataz que fora apunhalado por um escravo. Mas, nesse mesmo tempo, o frei interrompeu uma missa para que todos orassem por um cristão que agonizava longe dali. 


5. Conclusão O desdobramento corresponde ao estado de emancipação completa da alma. O espírito encarnado, revestido dos seus envoltórios, projeta-se para o exterior do corpo somático, do qual se separa formando uma cópia ou duplo. Porém, o desdobramento ou projeção da consciência contribui sobremaneira, para que o homem se conscientize da realidade do Plano espiritual e se veja como um ser imortal, filho de Deus que é Amor, um cidadão do Universo, em busca da perfeição, iluminado pelas estrelas incomensuráveis do Pai.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Da pneumatografia e da pneumatofonia

PNEUMATOGRAFIA (do gr. pneuma, ar, sopro, vento, espírito, e grafo, eu escrevo) – escrita direta dos Espíritos sem auxílio da mão do médium (v. Psicografia). (1)

A Pneumatografia é a escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem nenhum intermediário. Difere da psicografia porque nesta o médium é intérprete do Espírito que se comunica e usa a mão como instrumento para a transmissão do pensamento do Espírito.

Um dos exemplos de pneumatografia mais utilizados pela indústria cinematográfica, principalmente em filmes de terror, é a escrita no espelho embaçado conforme foto abaixo:


A escrita direta é um fenômeno dos mais extraordinários. É um fato averiguado e incontestável. Um dos mais impressionantes até agora apresentados, mas não há nada de sobrenatural quando compreendemos o princípio em que ele se funda.

O sentimento mais dominante quando este fenômeno acontece é o da desconfiança. Dá a idéia de trapaça, pois, pode haver um abuso da credulidade, e não se pode afirmar que isso jamais tenha sido praticado por pessoas com interesses mercenários ou por amor próprio para impor a crença nos seus poderes a fim de conseguirem vantagens pessoais. Existem as tintas chamadas simpáticas, em que os traços invisíveis aparecem após algum tempo depois da escrita. Por isso há possibilidades de fraudes. Todavia, esta descrença desaparece assim que se passa a conhecer as pessoas do circulo e o próprio fenômeno. Mas se é possível imitar esse fenômeno é absurdo concluir que ele não exista. Pode-se admitir a sua própria ilusão, mas um fato pode responder decisivamente quando da obtenção do mesmo fenômeno por outras pessoas e o de tomarem todas as precauções necessárias para evitar qualquer tipo de trapaça ou motivo de engano.(2)

O fato de escrever sem intermediário é um dos atributos dos Espíritos, e se produziram em todos os tempos. Um exemplo é na aparição das três palavras no festim de Baltazar.(3)

Qualquer que tenham sido os resultados obtidos em épocas anteriores, foi somente depois da vulgarização das manifestações espíritas que se tomou a sério o problema da escrita direta. Em Paris, parece que foi o Barão de Guldenstubbe (4), que ao publicar uma obra com grande número de fascículos de escritas obtidas, tornou esse fenômeno conhecido. Inclusive, esse fenômeno já era conhecido na América.

Obtém-se a escrita direta, como em geral a maior parte das manifestações espíritas não espontâneas, através do recolhimento, da prece e da evocação. Muitas vezes foi obtida nas igrejas, sobre os túmulos, junto a estátuas e imagens de personagens evocadas. Mas se é evidente que o local influi e favorece o recolhimento e a maior concentração mental, também, está provado que essa manifestação pode ser obtida igualmente sem esses acessórios e nos lugares mais comuns, desde que se esteja nas condições morais exigidas e se disponha da necessária faculdade mediúnica.(5)

No princípio, acreditava-se na necessidade de colocar um lápis junto com o papel, desta forma explicava-se o fenômeno pelo deslocamento do lápis pelo espírito. Mas logo verificou-se que a presença do lápis era desnecessária e, que bastava somente a folha de papel dobrado ou não, para em breve tempo aparecer a escrita. Com isso o fenômeno mudou completamente de aspecto e lançou os experimentadores numa outra ordem de idéias.

As letras são escritas com uma certa substância, e desde que não se forneceu ao Espírito nenhuma substância, com certeza, ele a produziu e a compôs por si mesmo. Esse o problema, de onde a tirou? Ora, se o Espírito pode tirar do elemento universal os materiais para as produções de fenômenos de efeitos físicos, dando a esses objetos uma realidade temporária (6). O mesmo não ocorre com a pneumatografia, são sinais escritos que sendo útil se conservam (7). Suas propriedades são obtidas do elemento universal para escrever, produzindo assim, a grafita do lápis vermelho, a tinta de impressão tipográfica ou a tinta comum de escrever, como a do lápis preto e até mesmo caracteres tipográficos suficientemente duros para deixarem no papel o rebaixo da impressão, culminando no fenômeno de escrita direta. (7)

Essas comunicações espirituais raramente são extensas. Geralmente são espontâneas e se limitam a palavras, sentenças. Podem ser obtidas em todas as línguas, inclusive, em caracteres hieroglíficos, etc., mas ainda assim, não servem às conversações contínuas e rápidas como a psicografia permite, ou seja, da escrita obtida através da mão de um médium.

Observando-se este fenômeno com a devida atenção, procurando as causas, a convicção se firma gradualmente gerando uma compreensão segura e a conquista de adeptos sérios. Essa compreensão ainda leva a um outro resultado, o de estabelecer uma linha divisória entre a verdade e a superstição.

PNEUMATOFONIA

A pneumatofonia (de pneuma e de phoné, som ou voz) é a produção de vozes por Espíritos sem a colaboração ostensiva de um intermediário (através dos órgãos da voz de um médium de efeito intelectual, mas possivelmente, através de um médium de efeitos físicos, seja ele consciente ou inconsciente). Na pneumatofonia os sons parecem surgir no ar, por vezes entre os que testemunham o fenômeno, que, quando se trata de palavras ou frases, é também, comumente, chamado de voz direta. (8)

Os Espíritos, podendo produzir ruídos e pancadas, podem naturalmente fazer ouvir gritos de toda espécie e sons vocais imitando a voz humana, ao nosso lado ou no ar. Segundo a natureza dos Espíritos, quando de ordem inferior, supõem eles (iludem-se) e acreditam falar da mesma maneira de que quando estavam encarnados (9).

Entretanto, deve-se evitar de tomar por vozes ocultas todos os sons de causa desconhecida ou os simples zunidos do ouvido, e sobretudo de aceitar a crença vulgar de que o ouvido que zune está nos avisando de que falam de nós em algum lugar. Esses zunidos, de causa puramente fisiológica, não têm aliás nenhum sentido, enquanto os sons da pneumatofonia exprimem pensamentos e somente por isso pode-se reconhecer que têm uma causa inteligente e não acidental. Pode-se estabelecer, como princípio, que apenas os efeitos notoriamente inteligentes podem atestar a intervenção dos Espíritos. Quanto aos outros, há pelo menos cem possibilidades contra uma de serem produzidos por causas fortuitas.

Os sons pneumatofônicos manifestam-se por duas maneiras bem distintas: às vezes como uma voz interna que ressoa em nosso íntimo, e embora as palavras sejam claras e distintas, nada têm de material; outras vezes as palavras são exteriores e tão distintamente articuladas como se proviessem de uma pessoa ao nosso lado.

De qualquer maneira em que se produza, o fenômeno de pneumatofonia, quase sempre é espontâneo e raramente pode ser provocado. (10)

______ Notas (1) Ver Vocabulário da obra Instruções Práticas sobre as manifestações Espíritas e O Livro dos Médiuns, 2ª. parte, cap. XII, item 146 e seguintes.

(2) Ver o capítulo sobre as Fraudes no O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXVIII, item 314 e seguintes.

(3) O Festim de Baltazar é uma alusão a uma história da Bíblia em Daniel cap. 5,5: “Como um jovem “exibido” que se vangloriava de sua posição e poder, Baltazar deu uma enorme festa. Ele ordenou que bebessem dos vasos sagrados que Nabucodonosor tinha anteriormente trazido de Jerusalém (veja 2 Reis 24:10-14; 25:13-17; Daniel 1:2; Jeremias 28:19-22). Eles desconsagraram estes vasos santos não somente por removê-los de seu propósito ordenado, mas porque foram profanados mais tarde, quando foram usados para louvar os deuses ídolos da Babilônia. O semblante do rei mudou quando a mão escreveu na parede. Baltazar ficou aterrorizado quando viu os dedos de uma mão humana escreverem sobre o estuque da parede do palácio. Pode-se bem imaginar porque seus joelhos bateram um contra o outro! Em pânico, o rei mandou chamar os sábios de seu reino para interpretarem a escrita. Desesperado para saber o significado, ele ofereceu grandes prêmios incluindo ser o terceiro governante do reino. Contudo, ninguém podia dar a interpretação.”

(4) O Barão Ludwig von Guldenstubbe efetuou experiências com lousas onde apareciam escritas misteriosas, sem contato algum. O fato teve grande repercussão em 1850.

(5) As expressões sobre os túmulos, junto a imagens, sobre móveis decorrem das primeiras experiências feitas pelo Sr. Diddier Filho e outros membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, como se pode ver pelos relatos publicados na Revista Espírita. (Nota de J. Herculano Pires)

(6) O Livro dos Médiuns, 2ª. parte, cap. VII, item 116 e cap. VIII, item 128, questão 18.

(7) O Livro dos Médiuns, 2ª. parte, cap. VIII, item 127 e 128, questão 17 e 18.

(8) Ver Vocabulário da obra Instruções Práticas sobre as manifestações Espíritas e O Livro dos Médiuns, 2ª. parte, cap. XII, item 146 e seguintes.

(9) Ver, na Revista Espírita de fevereiro de 1858, a História do Fantasma da Srta, Clairon.

(10) J. Herculano Pirez numa nota a este capítulo de O Livro dos Médiuns diz “que nas sessões de voz direta temos o fenômeno de pneumatofonia exterior provocado. Mas como Kardec acentua, essas sessões são bastante raras. Por modernos parapsicólogos este fenômeno foi algumas vezes observado. O prof. S. G. Soal, da Universidade de Londres, realizou várias experiências com a médium Blanche Cooper, obtendo curiosos fenômenos de voz direta entre as quais a manifestação perfeitamente autenticada de um seu ex-colega, Gordon Davis, envolvendo curiosos efeitos de precognição ou visão do futuro, mais tarde também constatados pelo experimentador. Em São Paulo esses fenômenos foram observados com a médium dona Hilda Negrão e amplamente divulgados. Em Marília (Estado de São Paulo) tivemos ocasião de observá-los com o médium Urbano de Assis Xavier. Para o caso Soal ver Proceedings of Society for Psychical Research de Londres, dezembro de 1925, ou Em los Limites de La Psicologia, do prof. Ricardo Musso, Editorial Périplo, Buenos Aires, 1954, pág. 180 a 182, com explicações antiespíritas. O importante é o fato, a comprovação atual do fenômeno. Para casos em São Paulo e Curitiba ver “Fenomenologia Supranormal” em O Revelador, nºs 3 e 4 de 1942, pelo Dr. Osório César, atomopatologista do Hospital do Juqueri, relato de pesquisas científicas”.

—— FONTES PRINCIPAIS: Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte, capítulos XII e VIII ___________, Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário. ___________, Revista Espírita, agosto de 1859, Pneumatografia ou escrita direta.

sábado, 2 de setembro de 2017

A Missão de Jesus — guia e modelo da humanidade

A Missão de Jesus — guia e modelo da humanidade


Objetivos: Explicar porque Jesus é o guia e o modelo da Humanidade terrestre. — Fazer um resumo dos principais ensinamentos da mensagem cristã.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina (a do Cristo), em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Allan Kardec: A Gênese, Capítulo 17, item 26.
  • Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. — Mateus, 22:37-40. Esse ensinamento de Jesus […] é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 11, item 4.
  • Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia e modelo?
    “Vide Jesus.”
    Para o homem Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 625.



SUBSÍDIOS


1. Jesus, guia e modelo da Humanidade

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do .nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção. (17)

Vemos, dessa forma, a excelsitude de Jesus, o construtor da nossa moradia, planeta destinado à nossa melhoria espiritual.

Jesus […], com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopo da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte no universo galáxico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo […]. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias. (18)

Por ignorar o amor de Jesus e o trabalho que vem realizando ao longo dos milênios, em nosso benefício, permanecemos imersos em sofrimentos atrozes.

A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra “natureza”, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-fim. […] Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens. (19)

Precisamos conhecer e sentir mais Jesus, estudar com dedicação os seus ensinos, aceitar o seu jugo,divulgando a sua mensagem de amor.

Jesus, cuja perfeição se perde na noite imperscrutável das eras, personificando a sabedoria e o amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando os seus iluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, […] desde que o homem conquistou a racionalidade, vem-lhe fornecendo a ideia da sua divina origem, o tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do Espírito, revelando-lhe, em cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger. (22)

Entendemos, dessa forma, porque os Espíritos Superiores afirmam ser Jesus guia e modelo da humanidade.

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. (11)

2. A Mensagem cristã

Jesus tem por missão encaminhar a Humanidade terrestre ao bem, disponibilizando condições para que o ser humano evolua em conhecimento e em moralidade. “Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Por isso foi que ele disse: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancadas.” (6)
 A vinda de Jesus foi assinalada por uma época especial. Os historiadores do Império Romano sempre observaram com espanto os profundos contrastes da gloriosa época de Augusto (Caio Júlio César Otávio), o primeiro imperador romano, com os períodos anteriores e posteriores.

É que os historiadores ainda não perceberam, na chamada época de Augusto, o século do Evangelho ou da Boa Nova. Esqueceram-se de que o nobre Otávio era também homem e não conseguiram saber que, no seu reinado, a esfera do Cristo se aproximava da Terra, numa vibração profunda de amor e de beleza. (13)

Jesus chegou ao Planeta no reinado do sobrinho de Júlio César, Otávio, também conhecido como Augusto César.

Acercavam-se de Roma e do mundo não mais Espíritos belicosos […], porém outros que se vestiriam dos andrajos dos pescadores, para servirem de base indestrutível aos eternos ensinos do Cordeiro. Imergiam nos fluidos do planeta os que preparariam a vinda do Senhor e os que se transformariam em seguidores humildes e imortais dos seus passos divinos. É por essa razão que o ascendente místico da era de Augusto se traduzia na paz e no júbilo do povo que, instintivamente, se sentia no limiar de uma transformação celestial. Ia chegar à Terra o Sublime Emissário. Sua lição de verdade e de luz ia espalhar-se pelo mundo inteiro, como chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. (14)

A vinda do Cristo mostra que a Humanidade estava em condições de receber ensinamentos superiores. “Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.” (20)
Jesus nasceu num momento em que o mundo estava mergulhado numa miscelânea de ideias religiosas, predominantemente politeístas. O “[…] mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade […].” (21)

O […] Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção. (21)

A mensagem cristã causa impacto por ser límpida e cristalina, livre de fórmulas iniciáticas ou de manifestações de culto externo.

Não se reveste o ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas. Guardando embora o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os seus colégios iniciáticos, notamos que o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o templo do coração humano para a sublimidade do amor e da luz, através da fraternidade, do amor e do conhecimento. Para isso, o Mestre não exige que os homens se façam heróis ou santos de um dia para outro. Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama o impossível. Dirige-se a palavra d’Ele à vida comum, aos campos mais simples do sentimento, à luta vulgar e às experiências de cada dia. (32)

A despeito do caráter reformador que Jesus imprimiu à Lei de Deus, recebida mediunicamente por Moisés e conhecida como os Dez Mandamentos, na verdade o Cristo ensinou como compreendê-la e demonstrou como praticá-la.

Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa lei, os princípios dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina. […] combatendo constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, por mais radical reforma não podia fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”, e acrescentando: aí estão a lei toda e os profetas. (1)

3. Ensinamentos da mensagem cristã

A mensagem cristã nos esclarece que o “[…] Velho Testamento é o alicerce da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício da redenção das almas. Como tal, devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para qualquer exposição teórica, mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si mesmo, desdobrando as edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.” (23)
Neste sentido, é importante compreender que o Cristianismo é “[…] a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra imorredoura de Jesus.” (25)
Sendo assim, o cristão verdadeiro “[…] deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão remontar ao calvário de suas dores, no momento oportuno.” (24)
Assinalamos, em seguida, alguns ensinamentos que caracterizam a mensagem cristã, sem guardarmos a menor pretensão de termos esgotado o assunto.

  • A humildade

“A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.” (19) Por essa razão, afirmou Jesus: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus. (Mateus, 5:3)

Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. (2)
  • A lei de amor

O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. […] E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiro os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. (5)

A mensagem cristã é um poema sublime de amor que Jesus trouxe à Humanidade.

Descendo à esfera dos homens por amor, humilhando-se por amor, ajudando e sofrendo por amor, passa no mundo, de sentimento erguido no Pai Excelso, refletindo-Lhe a vontade sábia e misericordiosa. E, para que a vida e o pensamento de todos nós lhe retratem as pegadas de luz, legou-nos, em nome de Deus, a sua fórmula inesquecível: — “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (31)
  • Amor e justiça de Deus

O amor puro é o reflexo do Criador em todas as criaturas. Brilha em tudo e em tudo palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza. É fundamento da vida e justiça de toda a Lei. Surge, sublime, no equilíbrio dos mundos erguidos à gloria da imensidade, quanto nas flores anônimas esquecidas no campo. Nele fulgura, generosa, a alma de todas as grandes religiões que aparecem, no curso das civilizações, por sistemas de fé à procura da comunhão com a Bondade Celeste, e nele se enraíza todo impulso de solidariedade entre os homens. (29)

A mensagem cristã reflete o amor e a justiça de Deus, daí ser importante compreender as suas lições.

O amor, repetimos, é o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se compadece de todos e que a ninguém violenta, embora, em razão do mesmo amor infinito com que nos ama, determine estejamos sempre sob a lei da responsabilidade que se manifesta para cada consciência, de acordo com as suas próprias obras. E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos sem prazo o caminho de ascensão para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente nos consagramos ao mal, a própria eternidade para reconciliar-nos com o Bem, que é a Sua Regra Imutável. […] Eis por que Jesus, o Modelo Divino, enviado por Ele à Terra para clarear-nos a senda, em cada passo do seu Ministério tomou o amor ao Pai por inspiração de toda a vida, amando sem a preocupação de ser amado e auxiliando sem qualquer ideia de recompensa. (30)
  • Fidelidade a Deus

Ensina-nos Jesus que a primeira qualidade a ser cultivada no coração, acima de todas as coisas, é a fidelidade a Deus. (15)

Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o pai que não desejam estabelecer, como ideal de união, a confiança integral e recíproca? Nós não podemos duvidar da fidelidade de Nosso Pai para conosco. Sua dedicação nos cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava. E, acaso, poderemos desdenhar a possibilidade da retribuição? Não seria repudiarmos o título de filhos amorosos, o fato de nos deixarmos absorver no afastamento, favorecendo a negação? (15)

Registra o livro Boa Nova, em relação ao assunto, que Jesus aconselhou o apóstolo André nestes termos:

André, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz da Terra, serve a Deus com a tua palavra e com os ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua, valendo-te das tuas mãos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e dos pés, poderias servir a Deus com a paciência e a coragem, porque a virtude é o verbo dessa fidelidade que nos conduzirá ao amor dos amores! (16)

A fidelidade a Deus é também sinônimo de amor, prédica resumida por Jesus, segundo atesta o registro de Mateus. (Mateus, 22:37-39)
  • Amor ao próximo

O amor aos semelhantes é um dos princípios basilares do Cristianismo, incessantemente exemplificado por Jesus. Neste sentido, nos recorda o apóstolo João, citando Jesus, respectivamente, em sua primeira epístola e no seu evangelho: “Amados, amemo-nos uns aos outros” (1 João, 4:7). “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João, 13:35)

Nem um só monumento do passado revela o espírito de fraternidade nas grandes civilizações que precederam o Cristianismo. Os restos do Templo de Carnaque, em Tebas, se referem à vaidade transitória. Os resíduos do Circo Máximo, em Roma, falam de mentirosa dominação. As ruínas da Acrópole, em Atenas, se reportam ao elogio da inteligência sem amor. […] Antes do Cristo, não vemos sinais de instituições humanitárias de qualquer natureza, porque, antes d’Ele, o órfão era pasto à escravidão, as mulheres sem títulos, eram objeto de escárnio, os doentes eram atirados aos despenhadeiros da imundície e os fracos e os velhos eram condenados à morte sem comiseração. Aparece Jesus, porém, e a paisagem social se modifica. O povo começa a envergonhar-se de encaminhar os enfermos ao lixo, de decepar as mãos dos prisioneiros, de vender mães escravas, de cegar os cativos utilizados nos trabalhos de rotina doméstica, de martirizar os anciãos e zombar dos humildes e dos tristes. […] Sem palácio e sem trono, sem coroa e sem títulos, o gênio da Fraternidade penetrou o mundo pelas mãos do Cristo, e, sublime e humilde, continua, entre nós, em silêncio, na divina construção do Reino do Senhor. (32)

É por essa razão que Jesus indica quais são os mandamentos mais importantes da sua Doutrina: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Mateus, 22:37-40)
Entendemos, assim, que esse ensino de Jesus representa “[…] é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos.” (4)
  • O reino de Deus

Afirma Jesus: “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós”. (Lucas, 17:20,21)

Exegetas e teólogos, historiadores e pensadores, estudiosos e simples leitores, em significativa maioria, parecem concordarem em que a pregação de Jesus gira em torno da noção básica do Reino de Deus, que ele estabelece como meta a atingir, objetivo pelo qual devem convergir todos os esforços, sacrifícios, renúncias e anseios. O caminho para o Reino de Deus não é largo, amplo e fácil, contudo: é estreito e difícil. O instrumento para sua realização é o amor a Deus e ao próximo, tanto quanto a si mesmo, um amor total, universal, paradoxalmente uma extensão modificada do egoísmo, uma transcendência, uma sublimação do egoísmo, pois amando aos outros tanto quanto amamos a nós mesmos, estaremos doando o máximo, em termos humanos, tão poderosa é a força da autoestima em nós. Acima disso — “de todas as coisas” — disse ele — só o amor de Deus. Esse programa, o roteiro, a metodologia que nos levam à conquista do Reino, que — outro paradoxo — está em nós mesmos. Podemos, portanto, dizer que há duas tônicas, duas dominantes, como objetivo da vida e a prática do amor como programa para essa busca, como seu instrumento e veículo. (12)
  • A necessidade do perdão

Aproximando Pedro de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.” (Mateus, 18:21,22)

O […] ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade. […] Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. (3)

Vemos, assim que o perdão é uma necessidade humana, caminho seguro da felicidade.

Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância. (26)
  • O valor da oração

Lembra-nos Jesus: “Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis. E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos, 11:24,25)
Orienta também Jesus: “E quando orardes, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai que vê o que está oculto, te recompensará. E orando, não useis vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.” (Mateus, 6:5-7)
Jesus nos ensina como orar, dizendo: “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal.” (Mateus, 6:9-13)
“A oração é divino movimento do espelho de nossa alma no rumo da Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza.” (27)

Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida. Aprece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porquanto o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons. A vontade que ora, tange o coração que sente, produzindo reflexos iluminativos através dos quais o espírito recolhe em silêncio, sob a forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos Mensageiros Divinos que lhe presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção e a ideia, com que se lhe aperfeiçoa a existência. (28)

Os Ensinamentos de Jesus representam, pois, “[…] a pedra angular, isto é, a pedra de consolidação do novo edifício da fé, erguido sobre as ruínas do antigo.” (7)
Sendo assim, chegará o dia em que estas palavras do Cristo se cumprirão: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.” (João, 10:16) (8)

Por essas palavras, Jesus claramente anuncia que os homens um dia se unirão por uma crença única; mas, como poderá efetuar-se essa união? Difícil parecerá isso, tendo-se em vista as diferenças que existem entre as religiões, o antagonismo que elas alimentam entre seus adeptos, a obstinação que manifestam em se acreditarem na posse exclusiva da verdade. […] Entretanto, a unidade se fará em religião, como já tende a fazer-se socialmente, politicamente, comercialmente, pela queda das barreiras que separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Os povos do mundo inteiro já confraternizam, como os das províncias de um mesmo império. Pressente-se essa unidade e todos a desejam. Ela se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma necessidade, para que se estreitem os laços de fraternidade entre as nações; far-se-á pelo desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a compreender a puerilidade de todas as dissidências; pelo progresso das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros materiais sobre que tais dissidências assentam e a destacar pouco a pouco das suas fiadas as pedras estragadas. Demolindo nas religiões o que é obra dos homens e fruto de sua ignorância das leis de Natureza, a Ciência não poderá destruir, mau grado à opinião de alguns, o que é obra de Deus e eterna verdade. Afastando os acessórios, ela prepara as vias para a unidade. A fim de chegarem a esta, as religiões terão que encontrar-se num terreno neutro, se bem que comum a todas; para isso, todas terão que fazer concessões e sacrifícios mais ou menos importantes, conformemente à multiplicidade dos seus dogmas particulares. (9) No estado atual da opinião e dos conhecimentos, a religião, que terá de congregar um dia todos os homens sob o mesmo estandarte, será a que melhor satisfaça à razão e às legítimas aspirações do coração e do espírito; que não seja em nenhum ponto desmentida pela ciência positiva; que, em vez de se imobilizar, acompanhe a Humanidade em sua marcha progressiva, sem nunca deixar que a ultrapassem; que não for nem exclusivista, nem intolerante; que for a emancipadora da inteligência, com o não admitir senão a fé racional; aquela cujo código de moral seja o mais puro, o mais lógico, o mais de harmonia com as necessidades sociais, o mais apropriado, enfim, a fundar na Terra o reinado do Bem, pela prática da caridade e da fraternidade universais. (10)


ORIENTAÇÃO AO MONITOR: No início da reunião explicar porque Jesus é considerado guia e modelo da Humanidade. Em sequência, dividir a turma em oito pequenos grupos para leitura do texto e troca de ideias sobre os assuntos contidos no item 3 dos subsídios, promovendo amplo debate, em plenária.


Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 1, item 3, p. 58.
2. Idem - Capítulo 7, item 2, p. 146-147.
3. Idem - Capítulo 10, item 4, p. 186-187.
4. Idem - Capítulo 11, item 4, p. 203.
5. Idem, ibidem - Item 8, p. 205.
6. Idem - A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 17, item 26, p. 432.
7. Idem - Item 28, p. 433.
8. Idem - Item 31, p. 436.
9. Idem - Item 32, p. 436-437.
10. Idem, ibidem - p. 437-438.
11. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006 questão 625, comentário, p. 346.
12. MIRANDA, Hermínio C. Cristianismo: a mensagem esquecida. 1. ed. Matão [SP]: O Clarim, 1988. Capítulo 12 (Cristianismo e a Doutrina de Jesus), p. 294.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 33. ed. Rio de Janeiro, 2005. Capítulo 1 (Boa Nova), p. 17-18.
14. Idem, ibidem - p. 18.
15. Idem - Capítulo 6 (Fidelidade a Deus), p. 44.
16. Idem, ibidem - p. 48.
17. Idem - A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 1 (A Gênese Planetária),  item: A comunidades dos Espíritos puros, p. 17-18.
18.  Idem, ibidem - Item: O divino escultor, p. 21-22.
19. Idem, ibidem - Item: O verbo na criação terrestre, p. 22-23.
20. Idem - Capítulo 12 (A Vinda de Jesus), Item: A manjedoura,  p. 105.
21. Idem, ibidem - Item: A grande lição, p. 107-108.
22. Idem - Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 2 (A Ascendência do Evangelho), p. 25.
23. Id. - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 282, p. 168.
24. Idem, ibidem - Questão 286, p. 169.
25. Idem, ibidem - Questão 293, p. 172.
26. Idem, ibidem - Questão 340, p. 193.
27. Idem - Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel 15. ed. Rio de Janeiro: FEB 2005. Capítulo 26 (Oração), p. 119.
28. Idem, ibidem - p. 121-122.
29. Idem - Capítulo 30 (Amor), p. 136-137.
30. Idem, ibidem - p. 1 38-139.
31. Idem, ibidem - p. 139.
32. Idem - Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB 2004. Capítulo 13 (A Mensagem Cristã), p. 59.
33. Idem - Segue-me. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Matão [SP]: O Clarim, 1992,  Capítulo 48, item: Fraternidade, p. 135-136.