FUNÇÕES
· INSTRUMENTAL
· INDIVIDUALIZADORA
· ORGANIZADORA
· SUSTENTADORA
· IDENTIFICA O NÍVEL EVOLUTIVO
· MOLDE (Negativo)
· REPARADORA
· VEICULA A MEDIUNIDADE
· RESPONSÁVEL POR TODOS OS FENÔMENOS VITAIS DO SOMA
· LIGAÇÃO ENTRE ESPÍRITO E MATÉRIA, ETC.
· INSTRUMENTAL
A função primordial do perispírito é servir de instrumento à alma, em sua interação com os mundos espiritual e físico.
Projeção energética da alma, aglutina em si a energia cósmica matriz, consolidando, já, uma estrutura de natureza física, que, a refletir, sempre, a fonte, serve como seu elemento de ligação com o meio que o cerca, de modo que não só possa nele agir, influenciando, como também, dele receber influência, em regime de trocas e aproveitamentos, em sua gloriosa caminhada evolutiva.
· INDIVIDUALIZADORA
O perispírito, corpo imperecível da alma, serve à sua individualização e identificação. A alma é única e diferenciada, e o perispírito, como seu envoltório perene, mostra-a, refletindo-a, assegurando-lhe a identidade exclusiva.
Não se trata, todavia, de uma identidade que diga apenas com características periféricas; refere-se, sim, à sua própria história, às suas particulares características evolutivas.
Nesse contexto, o fator memória, refletindo-se na tela perispirítica, surge como dos mais importantes, assegurando a continuidade da vida psíquica nos diferentes níveis existenciais e marcando, assim, a identidade da alma.
Essa identidade que diz de suas qualidades positivas e negativas, transmite-se, quando em estado de encarnação, ao corpo físico, que, entretanto, nem sempre a reflete inteiramente.
Com efeito, situações cármicas podem impor que, a partir da morfogênese, a estrutura somática, a espelhar condições transitórias do perispírito, mostre aparência, possibilidades fisiológicas ou condições psicológicas, sinalizando uma presença temporária no plano físico, que não expressa, propriamente, a identidade profunda do reencarnante, parcialmente apagada, mas que após a desencarnação, presentes as necessárias condições, emergirá inteira, enriquecida pelas experiências vividas.
Kardec, quando estudou o corpo perispiritual, uma das coisas que ele enfatizou como sobremaneira, foi esta propriedade que tem o perispírito de definir a nossa individualidade. Se não fosse o perispírito, seria muito difícil reconhecermos, após o desencarne, quem foi determinada pessoa que nós conhecemos aqui na Terra.
É graças ao corpo configuracional do Espírito que nós podemos identificar essa pessoa nossa conhecida, e que já esteja no outro lado da vida. Se nós tivermos a condição de vê-la, como Espírito, será com a mesma configuração, a mesma aparência que ela tinha quando desencarnou, até mesmo com os eventuais defeitos físicos ou sinais particulares que o Espírito apresentava em seu corpo físico, se farão notar em seu corpo espiritual, para melhor identificar o Espírito àqueles a quem ele queira mostrar-se e se fazer reconhecer. Não que ele precise conservar as deformidades indefinidamente. À medida que se depura, o Espírito vai aperfeiçoando e aformoseando o seu perispírito.
Se não houvesse o corpo configuracional do Espírito, nós nos apresentaríamos como uma centelha, uma chama, e, na posição evolutiva em que nos encontramos, certamente não conseguiríamos identificar aqueles que conhecemos.
Via de regra nos apresentamos no mundo espiritual, com a configuração semelhante à da última existência física que tivemos aqui na Terra. Por exemplo, se alguém desencarnasse hoje, e aparecesse após alguns dias para um conhecido, além do susto que certamente levaria, ele iria reconhecê-lo instantaneamente, pois que a aparência do Espírito seria exatamente, inclusive, provavelmente, com os mesmos sinais característicos e particulares que possuía quando encarnado.
Sabemos, porém, que o Espírito pode alterar a aparência do seu perispírito. Quanto mais evoluído for o Espírito, melhor condição terá de agir sobre a moldagem do perispírito e de se apresentar na configuração que desejar. Assim, se ele quiser mostrar-se a alguém que conheceu em alguma encarnação passada, vai apresentar-se àquela pessoa com a aparência exata que tinha à época daquela encarnação.
Um exemplo muito conhecido disso é do Espírito Emmanuel, que não se apresenta com a aparência da sua última encarnação aqui vivida, mas sim com a aparência do senador romano Públio Lentulus, em razão de ter coincidido esta sua encarnação com a estada de Jesus na Terra.
O Espírito pode também alterar a configuração perispiritual por degeneração, e até mesmo perder a forma humana do seu corpo espiritual, por estar muito enraizado no mal, conforme narra André Luiz em suas obras, que Espíritos, por gravíssimos desequilíbrios espirituais, comportamentais, chegaram a perder, temporariamente, a forma humana, apresentando-se na forma de ovóides.
· ORGANIZADORA
A função organizadora do perispírito aparece especialmente notável no processo de reencarnação, em que o ritmo morfogenético, obedecendo aos impulsos psicossômicos de crescimento, leva à formação de um novo corpo físico que se estrutura de acordo com as características que marcam o corpo espiritual, modelo por excelência. Esse papel do perispírito – projeção da alma – no processo vital é, de muito, conhecido, tanto no Oriente como no Ocidente, sendo, inclusive, pressentido em círculos científicos contaminados pelo materialismo.
“O que diz essencialmente com o domínio da vida e não pertence à química, nem à física, nem ao que possamos mais imaginar, é a idéia geratriz dessa atuação vital. Em todo gérmen vivo há uma idéia dirigente a manifestar-se e a desenvolver-se em sua organização”. (Claude Bernard – cfe. Gabriel Delanne em “A Evolução Anímica”, p. 40).
Essa noção, aliás, da existência de um princípio diretor imaterial, a comandar o desenvolvimento da vida, ocupa cada vez mais lugar na Ciência. “Nos últimos anos, inúmeros cientistas de muitos países têm pressuposto a existência de uma espécie de matriz, uma espécie de padrão organizador, invisível, inerente aos seres vivos” (S. Ostranger e L. Schroeder).
A função organizadora do perispírito – a mostrar, na verdade, a ação organizadora da alma – tem sido, às vezes, designada só como função modeladora e se destaca ao ponto de servir de referência em construções formuladas por diversos autores, entre eles o conceituado cientista espírita Hernani Guimarães Andrade, que, inclusive, em seus estudos sobre a alma e o perispírito, trabalha com o conceito que denomina Modelo Organizador Biológico – MOB, “capaz de atuar sobre a matéria orgânica e provocar-lhe o desenvolvimento biológico”. (ANDRADE, Hernani Guimarães, “Espírito, Perispírito e Alma – Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico”, p. 54, Cap. III).
“A morfogênese, ou seja, a modelagem dos sistemas biológicos (células, tecidos, órgãos, organismos), é ditada por um tipo especial de campo mórfico, a traduzir-se pelos “campos morfogenéticos”, os quais, não só permanecem em constante interação com os sistemas vivos, como também se modificam, influindo em sua estabilidade. (RUPERT SHELDRAKE, biólogo inglês).
“Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe a ele empregá-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas. Desse modo, igualmente se explica o cunho especial que o caráter do Espírito imprime aos traços da fisionomia e às linhas do corpo”.
(“A Gênese”, p. 211, Cap. XI, item 11).
(...) “O perispírito é, ainda, corpo organizado que, representando o molde fundamental da existência para o homem, subsiste além do sepulcro, demorando-se na região que lhe é própria (...)”. (“ROTEIRO”. Emmanuel, p. 31, Cap. 6).
“Os Espíritos categoricamente superiores, quase sempre, em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida, podem plasmar por si mesmos e, não raro, com a colaboração de Instrutores da Vida Maior, o corpo em que continuarão as futuras experiências, interferindo nas essências cromossômicas, com vistas às tarefas que lhes cabem desempenhar. No outro extremo, estão os Espíritos “categoricamente inferiores”, que nos inícios da aprendizagem evolutiva, apresentam-se extremamente submissos ao comando biológico ditado pela hereditariedade. E, entre ambas as classes, há uma imensa escala de diferenças evolutivas, a marcarem os estados em que se encontram os Espíritos em desenvolvimento e definindo suas possibilidades de maior ou menor atuação consciente na moldagem dos futuros veículos físicos”. (“Evolução em Dois Mundos”, André Luiz, p. 152, Cap. XIX).
· SUSTENTADORA
O perispírito, impregnando-se de energia vital e transferindo-a paulatinamente, ao impulso da alma, para o veículo físico, sustenta-o desde a formação até o completo crescimento, conservando-o, depois, na vida adulta, durante o tempo necessário.
Matriz estrutural destinada à organização e sustentação do edifício biológico, na reencarnação, o perispírito, como assinala Delanne, surge, graças à sua perenidade, como elemento indispensável à estabilidade do ser humano, “no meio de toda essa complexidade das ações vitais, dessa efervescência perpétua e resultante da cadeia de decomposições e recomposições químicas, ininterruptas, na trama, enfim, de nervos, músculos, glândulas a se entrecruzarem, a circularem, a se interpenetrarem de líquidos e gases, em desordem aparente, mas da qual sairá, contudo, a mais estupenda regularidade”, sendo certo que “a função pertence ao conjunto, e não às unidades que o compõe”, e que esta se subordina a uma “ordem que não se altera, apesar dos sucessivos afluxos de elementos novos”. (DELANNE, Gabriel. “Evolução Anímica” pp. 43 e 46, cfe. JORGE, José, “Antologia do Perispírito”, pp. 150 e 151).
A ação sustentadora (conservadora) do perispírito surge bem patente, por exemplo, no delicado e complexo processo de renovação celular. Sabido é que todas as células físicas lábeis, renováveis, são substituídas a cada ciclo de 7-8 anos, sem que, entretanto, seja alterada qualquer parte do corpo, conservando a pessoa, inclusive os seus traços fisionômicos.
· IDENTIFICA O NÍVEL EVOLUTIVO
Aqui na Terra, nós utilizamos um documento de identidade, que nos identifica e comprova a nossa condição de cidadão deste ou daquele país. Na dimensão espiritual, a nossa cédula de identidade é o perispírito, que, malgrado a nossa vontade de camuflar, de esconder a nossa condição menos evoluída, de mascarar os nossos defeitos, nós nos apresentamos exatamente como somos. Aqui na Terra a gente até pode enganar aos outros, mudar a aparência, esconder a nossa personalidade, mas, no mundo espiritual, isso é impossível. O perispírito reflete a nossa exata posição evolutiva. Assim, os Espíritos mais evoluídos irradiam mais luminosidade, detém melhores condições de ação, de locomoção e de atuação sobre a matéria sutil do mundo espiritual, e sobre o seu próprio corpo fluídico, enquanto os mais involuídos, apresentam um corpo espiritual mais grosseiro, mais opaco, e sua capacidade de ação é reduzida. De maneira que ninguém precisa apontar a situação ou a condição evolutiva de outrem porque o perispírito estará sempre a falar da nossa condição espiritual, do nosso nível de progresso.
· MOLDE (Negativo)
(Aqui nesta figura, nós podemos ver duas roseiras: uma roseira com flor, já pronta, e outra roseira em crescimento. A experiência que vamos referir foi realizada por Ernesto Bozzano, grande pesquisador dos fenômenos espirituais).
Quando realizava algumas experiências, através de um médium vidente, este, observando uma roseira em crescimento, disse a Bozzano que estava vendo uma roseira já pronta, que era o molde, um modelo fluídico, que orientava o desenvolvimento da roseira natural, material. Através da doação de ectoplasma do médium, conseguiram fotografar as roseiras. Revelado em laboratório, apareceu essa figura que aí está, provando a presença de um elemento astral, que no ser humano leva o nome de perispírito, agindo como molde. E em todos os demais seres vivos existe este corpo astral, que muitos autores chamam também de perispírito, porém é conveniente usar essa expressão perispírito para a espécie humana, até porque é a única em que encarnam Espíritos. Então, não há como utilizar a expressão perispírito para designar o corpo astral dos demais seres vivos, porque neles há apenas um princípio inteligente, que será, no grande futuro, um Espírito, mas ainda não o é. A palavra perispírito significa “em torno do Espírito”, então, se não há Espírito no ser, não há perispírito, há somente um corpo astral.
Então, na foto nós temos um corpo astral e um corpo material.
Bozzano esperou o crescimento da roseira, e após brotar a rosa, ele contou as pétalas da rosa natural e as pétalas do molde fluídico que havia fotografado, e constatou que tanto o número de pétalas, como o formato e a altura, a dimensão das rosas e das roseiras, eram idênticos, ficando, assim, comprovado, em laboratório, o que o Espiritismo apregoa a respeito do perispírito como molde do corpo físico, no homem, bem como da existência de um corpo astral nos demais seres vivos, servindo de molde aos seus corpos materiais.
· REPARADORA
Através dessa função o perispírito se encarrega, tanto quanto possível, de corrigir acidentes, provocados ou não, que possa o nosso corpo ter sofrido. O mesmo ocorre com o corpo astral em relação aos demais seres vivos.
Mesmo nos casos de amputação há uma tentativa de recuperação, o que é possível de se dar em relação a certos animais.
No caso, por exemplo, de uma pessoa que sofra uma fratura, o médico executa o seu trabalho e diz ao paciente: “agora a natureza fará o resto”. A esta “natureza”, nós damos o nome de perispírito. É ele quem comandará o trabalho de recuperação daquilo que for possível recuperar.
· VEICULA A MEDIUNIDADE
Pela sua sensibilidade, o perispírito está para o Espírito como uma antena está para um aparelho de televisão, e é na periferia desse corpo espiritual que surge, que se projeta a sensibilidade do Espírito. A ocorrência de uma comunicação mediúnica só é possível através da associação dos fluidos perispirituais do Espírito com os do médium, e da afinidade que entre eles se estabeleça. Assim, quando um Espírito quer se comunicar através de um médium, ele se aproxima deste, que, por sua vez, expande, exterioriza, total ou parcialmente o seu perispírito, havendo então a associação, a união dos fluidos perispirituais que vão possibilitar o intercâmbio. Cumpre lembrar que nessas situações, o Espírito não entra no corpo do médium; o acoplamento se dá exteriormente, pela aproximação tão somente.
- Kardec, com muita propriedade, diz que “para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos me os instrumentos especiais (telescópio, microscópio, etc). Para penetrar no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade”.
Assim, podemos dizer que “a mediunidade é a natural aptidão para intermediar os Espíritos”. Segundo Emmanuel, “é aquela luz que é derramada sobre toda a carne e prometida por Jesus aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra. Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capitulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos ma sua trajetória pela face do mundo.” A propósito, falando dos riscos da mediunidade, esclarece-nos o benfeitor espiritual, que “Mediunidade sem Jesus, é um salto no umbral.”
Embora a mediunidade seja principalmente considerada como envolvendo desencarnados e encarnados, - esse é o aspecto mais significativo -, é importante lembrar que ela, também, não só pode ocorrer entre Espíritos desencarnados, como, ainda que raramente, entre os próprios encarnados.
· Em qualquer tipo de manifestação mediúnica, o perispírito é sempre o principal elemento a ser considerado. O perispírito, assinala Kardec, “é o princípio de todas as manifestações. O conhecimento dele foi a chave da explicação de uma imensidade de fenômenos”.
· O perispírito, constituindo um campo aglutinador de energia cósmica adequada à Terra, a envolver a alma, a ela se integra. Em se tratando de mediunidade no plano material, – a faculdade mediúnica não é, a rigor, do corpo – ainda que condicionada a possibilidades nervosas que se elaboram na morfogênese, sob o impulso perispiritual do reencarnante –, porém, do Espírito, como mostra claramente o L.E.: “todas as percepções constituem atributos do Espírito e lhe são inerentes ao ser.” Finalmente, por suas condições – pois já que se trata de uma estrutura de natureza mais próxima da matéria –, o perispírito é o fator de contato e comunicação entre os mundos espiritual e físico. (Assim, se quase sempre o processo mediúnico ocorre substancialmente, mente a mente, o perispírito é o instrumento – tanto do comunicante, como do médium).
· Resta considerar, ainda, alguns fatores especiais relacionados com o processo mediúnico, como, p. ex., a aura e com a compatibilidade entre as partes (afinidade), principalmente nas modalidades mediúnicas de efeitos intelectuais.
· Quanto à aura, constituindo uma projeção do perispírito, envolvendo-o, representa o primeiro nível de contato, nos casos de relação direta, entre comunicante e médium. Segundo André Luiz, “é por essa couraça vibratória, espécie de carapaça fluídica, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que começaram todos os serviços da mediunidade na Terra, considerando-se a mediunidade como um atributo do homem encarnado, para corresponder-se com os homens liberados do corpo físico”. Então, se toda aproximação de ordem mediúnica significa, de primeiro, contato e ligação entre auras, é óbvio, também, que deve haver um mínimo de compatibilidade energética (magnética ou psicomagnética) entre elas. Muitas vezes, essa necessária compatibilidade parece até ser, de alguma forma, induzida por ação direta dos Espíritos responsáveis, atendendo a requisições transitórias, ditadas pela necessidade de esclarecimento ou orientação, mas, fundamentalmente, a sintonia mediúnica, momentânea ou não, imprescinde de uma certa compatibilidade, superficial ou não, entre auras dos Espíritos envolvidos. (caso das comunicações nos trabalhos de desobsessão, tratamento espiritual, e outros).
· O fenômeno mediúnico acontece, em grande parte, devido à expansibilidade do perispírito. Graças, particularmente, a essa propriedade, que, obviamente não pode ser dissociada das demais (haja vista, p. ex., o papel que a plasticidade desempenha nos casos de licantropia, etc), amplia-se e afina-se a sensibilidade do médium, o seu campo de percepção, permitindo um registro mais apurado da presença e do pensamento do comunicante, se for o caso (há médiuns que dizem sentir-se gigantescos). De outras vezes, é a expansibilidade do perispírito que possibilita o desprendimento inicial do Espírito, em direção, eventualmente, ao desdobramento (duplicação corpórea e bilocação) o qual já se verifica em função de outra notável faculdade do perispírito, que é a bicorporeidade.
· Faculdade natural, inerente, pois, à própria vida, a mediunidade manifesta-se em qualquer pessoa, independentemente do seu grau evolutivo, e diferentemente a cada uma, pois que, se não há dois Espíritos iguais, é evidente que cada indivíduo apresenta características perispiríticas próprias, a ensejarem ocorrências que obviamente digam respeito a essas qualidades, especificamente. Assim, embora os processos mediúnicos possam ser enquadrados em um esquema geral, as peculiaridades que marcam os modos de manifestação guardam relação com a estrutura psíquica de cada médium, sua constituição orgânica, sua história espiritual, a evidenciarem condições perispiríticas únicas, que vão definir os vários tipos de intercâmbio mediúnico.
· Embora a mediunidade seja uma faculdade ínsita a todo ser humano, independendo das condições morais da pessoa, é certo, todavia, que quanto mais realizado moralmente o médium, mais se lhe apura o filtro perispirítico, e, de conseguinte, mais proveitosa será a sua produção, pela facilidade de atrair, pela lei de afinidade, Espíritos cada vez mais adiantados. André Luiz esclarece que “da mediunidade podem dispor, pela espontaneidade com que se evidencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, a fim de auxiliar”.
· Se todo o processo mediúnico assenta-se nas possibilidades perispiríticas, não é menos certo que a função do psicossoma varia de acordo com o tipo de fenômeno. Assim, se no desdobramento o perispírito se desprende e se desloca – ainda que guardando ligação com o corpo físico -, na materialização e nos demais fenômenos de efeitos físicos, faculta a liberação do ectoplasma responsável pelos vários tipos de ocorrência. Da mesma forma, nas manifestações de natureza intelectual, em que a ação perispirítica sustenta e define o fenômeno, como, p. ex. ocorre na psicofonia e na psicografia, processos mediúnicos que são peculiarmente caracterizados por um estreito contato perispírito a perispírito, que, inclusive, pode chegar a um estado de verdadeira “interpenetração psíquica”, como descreve magnificamente Herculano Pires:
“O ato mediúnico é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando choque elétrico, reage o perispírito do médium. Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um pouco do outro. Uma percepção visual desse momento comove o vidente que tem a ventura de captá-la. As irradiações perispirituais projetam sobre o rosto do médium a máscara transparente do Espírito. Compreende-se então o sentido profundo da palavra intermúndio”.
“Ali estão, fundidos e ao mesmo tempo distintos, o semblante radioso do Espírito e o semblante humano do médium, iluminado pelo suave clarão da realidade espiritual. Essa superposição de planos dá aos videntes a impressão de que o espírito comunicante se incorpora no médium. Dai a errônea denominação de incorporação para as manifestações orais. O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a da luz atravessando a vidraça. Ligados os centros vitais de ambos, o Espírito se manifesta emocionado, reintegrando-se nas sensações da vida terrena, sem sentir o peso da carne. O médium, por sua vez, experimenta a leveza do Espírito, sem perder a consciência de sua natureza carnal, e fala ao sopro do Espírito, como um intérprete que não se dá ao trabalho da tradução”.
Já na vidência e na audiência é a expansibilidade do perispírito que torna possível a captação das impressões visuais e auditivas oriundas do plano espiritual, a repercutirem, por ação dos centros perispiríticos superiores, nas vias nervosas especializadas, provocando o estado de semi-desprendimento, e facultando ao sensitivo a visão e a audição espiritual, sem a necessidade dos órgãos fisiológicos.
Então, seja qual for o fim, o tipo de evento medianímico, o perispírito, com suas múltiplas propriedade e funções, é sempre o fator fundamental.
· RESPONSÁVEL POR TODOS OS FENÔMENOS VITAIS DO SOMA
O nosso coração carnal, do corpo físico, bate porque existe um coração perispiritual que o induz a bater. O mesmo ocorre com os nossos pulmões, que arfam porque os pulmões do perispírito os incitam à respiração. Assim ocorre com todos os demais órgãos do soma; para cada órgão do corpo físico existe um órgão correspondente, pré-existente, muito mais especializado, que comanda o funcionamento dos órgãos físicos.
Importante salientar que não é o perispírito que vitaliza, isto é, que dá a vida aos órgãos do soma; esta função é exercida pelo agente vital, ou o princípio vital. O perispírito apenas comanda e instiga o funcionamento dos órgãos físicos.
Por isso, quando acontece o desencarne de uma pessoa, os órgãos do corpo físico param de funcionar, morrem, enquanto que os órgãos do corpo espiritual continuam funcionando, e tendem a melhorar sua performance à medida que se reequilibram e se recuperam da influência da matéria, após o desligamento.
E é devido à continuidade do funcionamento dos órgãos do corpo espiritual, que se cria, numa grande porcentagem de Espíritos, a sensação de que ainda estão vivos, quer dizer, vivos no sentido de estarem encarnados, o que os leva a continuar pensando e agindo normalmente, como se nada houvesse mudado, embora estranhem certos comportamentos das pessoas. São induzidos a pensar assim, também porque a idéia que têm da morte é de que tudo se acaba, tudo pára. E é comum conversarmos com Espíritos que se encontram nessa situação; nem sempre, porém, é conveniente revelar a sua situação real, pois, em alguns, o choque pode ser muito grande e prejudicial à situação do Espírito, uma vez que o temor da morte é ainda muito forte na maioria dos homens.
· LIGAÇÃO ENTRE ESPÍRITO E MATÉRIA
Nós sabemos que o Espírito vibra em dimensão altíssima e que o corpo físico vibra em dimensão muito baixa. A própria ciência nos diz que, assim, obviamente, fica impossível “acoplar”, “casar” dois campos energéticos sem afinidade, amplamente distanciados no sentido vibratório.
Como então a Providência Divina conseguiu juntar dois extremos tão opostos: o Espírito sutil e a matéria grosseira? Deus criou uma coisa supremamente versátil chamada perispírito, que tem a capacidade de casar a delicadeza e a intensidade vibratória do Espírito, com a densidade e a baixa vibração do corpo físico. É o papel do transformador.
Nós sabemos que as usinas que produzem eletricidade, geram energia em altas potências, na ordem de até 500.000v. ou mais. No entanto, nós utilizamos a energia elétrica, no uso doméstico, em apenas 110v ou 220v. Ora, se nós tentássemos utilizar a energia elétrica no alto potencial gerado pelas usinas em nossa casa, certamente teríamos um grande desastre; teríamos um incêndio, uma explosão. Mas, a gente consegue utilizar este alto potencial, reduzindo-o a níveis compatíveis com as nossas necessidades e com a capacidade do receptáculo através do transformador. Ele é um aparelho que, de um lado, tem a capacidade de suportar, por exemplo, 50.000v., e do outro lado, deixar passar apenas 110v ou 220v.
O perispírito tem, para o Espírito, a mesma versatilidade, o mesmo papel do transformador, e consegue, com eficiência, reunir dois elementos, com intensidades vibratórias tão extremamente opostas. Se não fosse o perispírito seria impossível a permanência do Espírito em união com o corpo físico. Deus teria que inventar uma outra coisa que realizasse esse papel.
Esta é, portanto, a função de intermediário, de meio de ligação entre o Espírito e o corpo físico que o perispírito desempenha.
Mas, como se dá, realmente, esta ligação?
Para tanto, necessário se faz estabelecer um parênteses, para adentrarmos no estudo do psiquismo humano.
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