1. O QUE É PRECE
A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir e agradecer. (7) Pode-se dizer, também, que a prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige.
2 2. IMPORTÂNCIA
DA PRECE
Pela prece,
obtém, o homem o concurso dos bons Espíritos, que acorrem a sustentá-lo em suas
boas resoluções e a inspirar-lhes ide
ias sãs. Ele adquire, desse modo, a força
moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se dele
se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia
pelas suas próprias faltas. (3) Está no pensamento o poder da prece, que por
nada depende nem das palavras, nem do momento em que seja feita. Pode-se,
portanto, orar em toda parte, e a qualquer hora, a sós ou em comum. 4
3 A MANEIRA
CORRETA DE ORAR, SEGUNDO O ENTENDIMENTO ESPÍRITA A verdadeira prece não deve
ser recitada, mas sentida. Não deve ser cômodo processo de movimentação de
lábios, emoldurado, muita vez, por belas palavras, mas uma expressão de
sentimento vivo, real, a fim de que realizemos legítima comunhão com a
Espiritualidade Maior.
A prece outra
coisa não é senão uma conversa que entretemos com Deus, Nosso Pai; com Jesus,
Nosso Mestre e Senhor; com nossos amigos espirituais. É diálogo silencioso,
humilde, contrito, revestido de unção e fervor, em que o filho, pequenino e
imperfeito, fala com o Pai, Poderoso e Bom, Perfeição das Perfeições. Quando o
espírita ora, sabe, por antecipação, que sua prece não opera modificações na
Lei, que é imutável; altera-nos, contudo, o mundo íntimo, que se retempera,
valorosamente, de modo a enfrentarmos com galhardia as provas, que se atenuam
ao influxo da comunhão com o Mundo Espiritual Superior.
Jesus definiu,
claramente, a maneira correta de orar, que pode ser entendida como as
qualidades que a prece deve ter. Ele nos recomenda que, quando orarmos, não nos
devemos pôr em evidência, mas orar em secreto. Que não é pela multiplicidade
das palavras que seremos atendidos, mas pela sinceridade delas. Recomenda-nos,
também, perdoar qualquer coisa que tenhamos contra o nosso próximo, antes de
orar, visto que a prece agradável a Deus parte de um coração purificado pelo
sentimento de caridade. Esclarece, por fim, que a prece deve ser revestida de
humildade, procurando cada um ver os seus próprios erros e não os do próximo.
Quando Jesus nos
recomenda orar secretamente (“entrai para o vosso quarto e, fechada a porta,
orai ao vosso Pai em secreto”, nas palavras de Mateus), não está estabelecendo
um posicionamento ou postura especial, física ou mística, para entrar em
comunhão com Deus. Afinal, não podemos esquecer que existe uma multidão de
pessoas no planeta que não possui nem mesmo um modesto quarto para se recolher.
O que Jesus pretende é que busquemos o recolhimento para, a sós, dialogarmos
com Deus.
No insulamento,
a oração flui com maior maturidade, sem interferências, sem preocupações com
fórmulas e formas, favorecendo a comunhão legítima com a Espiritualidade [...]
Nesses instantes, orienta Jesus, não nos preocupemos em falar muito, como se as
respostas estivessem condicionadas à prolixidade, ou se fôssemos hábeis
advogados empenhados em convencer o Céu a ajudar-nos.
O essencial não
é orar muito, mas orar bem. As preces
muito longas, além de cansativas, podem revelar uma forma de ostentação, que é
sempre contrária à humildade. Outra qualidade da prece é ser inteligível. Quem
ora sem compreender o que diz, habitua-se a valorizar mais as palavras do que
os pensamentos; [...] para ele as palavras é que são eficazes, mesmo que o
coração em nada tome parte.
A esse respeito
o apóstolo Paulo nos fala com lucidez: se eu, pois, ignorar a significação da
voz, serei estrangeiro para aquele que fala e ele estrangeiro para mim [...].
A prece
inteligível fala ao nosso Espírito. Para isto não basta que seja dita em língua
compreensível pelo que ora; há preces em língua vulgar que não dizem muito mais
ao pensamento do que se o fossem em língua estranha, e que, por isso mesmo, não
vão ao coração; as raras ideias que encerram são, às vezes, abafadas pela
superabundância de palavras e pelo misticismo da linguagem.
A principal
qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem
luxo de epítetos, que não passam de vestimentas, de lantejoulas; cada palavra
deve ter o seu alcance, despertar um pensamento, mover uma fibra; numa palavra,
deve fazer refletir; só com esta condição a prece pode atingir o seu objetivo,
do contrário não passa de ruído.
A prece deve ser
também espontânea, nascida do coração: A prece é sempre agradável a Deus,
quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo. Assim,
preferível lhe é a prece do íntimo à prece lida, por muito bela que seja, se
for lida mais com os lábios do que com o coração. Agrada-lhe a prece, quando
dita com fé, com fervor e sinceridade.
4 TIPOS DE PRECE
O mais perfeito
modelo de concisão, no caso da prece, é, sem contradita, a Oração Dominical
[Pai Nosso], verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade; sob a mais
reduzida forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para
consigo mesmo e para com o próximo.
O Pai Nosso deve
ser visto não apenas como uma prece, mas também como um símbolo, que deve ser
colocado em destaque acima de qualquer outra prece, seja porque procede do
próprio Jesus (Mateus, 6:9-13), seja porque pode suprir a todas, conforme os
pensamentos que se lhe conjuguem. 5 O Pai Nosso encerra um pedido das coisas
necessárias à vida e o princípio da caridade. Quem o diga, em intenção de
alguém, pede para este o que pediria para si.
Todas as preces
podem ser definidas como sendo um apelo de nossa alma em ligação
instantaneamente feita com o Mundo Espiritual, segundo os princípios de
afinidade estabelecidos no intercâmbio mental.
Sendo a prece um
apelo, evidentemente somos levados a, de acordo com as instruções dos Benfeitores
Espirituais, classificá-las de vários modos. Em primeiro lugar, temos a prece
vertical, isto é, aquela que, expressando aspirações realmente elevadas, se
projetam na direção do Mais Alto, sendo, em face dos mencionados princípios de
afinidade recolhidos pelos Missionários das Esferas Superiores. Em segundo
lugar, teremos a prece horizontal, traduzindo anseios vulgares [...].
Encontrará ressonância entre aqueles Espíritos ainda ligados aos problemas
terrestres.
Por fim, temos a
descendente. A essa não daremos a denominação de prece, substituindo-a por
invocação [...] Na invocação o apelo receberá a resposta de entidades de baixo
tom vibratório. São os petitórios inadequados, expressando desespero, rancor,
propósitos de vingança, ambições etc. A prece é vertical, horizontal ou
descendente, em decorrência do potencial mental de cada pessoa que ora, ou dos
sentimentos que ela expressa.
A prece,
qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde. Conforme
a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos,
recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se
destina. Desejos banais encontram realização próxima na própria esfera em que
surgem. Impulsos de expressão algo mais nobre são amparados pelas almas que se
enobreceram. Ideais e petições de significação profunda na imortalidade
remontam às alturas.
Cada prece,
tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de
freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com
o nosso apelo, à maneira de estações receptoras.
5. A IMPORTÂNCIA
DA PRECE NUMA REUNIÃO MEDIÚNICA
a) Preparação
para a reunião mediúnica Pela prece, o homem atrai o concurso dos bons
Espíritos, que vêm sustentá- lo nas boas resoluções e inspirar-lhe bons
pensamentos. Assim, adquire ele a força necessária para vencer as dificuldades
e entrar no bom caminho, se deste se houver afastado.
Portanto, no dia
da reunião mediúnica, pelo menos durante alguns minutos, horas antes dos
trabalhos, seja qual for a posição que ocupe no conjunto, dedique-se o
companheiro de serviço à prece e à meditação em seu próprio lar. Ligue as
tomadas do pensamento para o Alto. Retire-se, em espírito, das vulgaridades do
terra-a-terra, e ore, buscando a inspiração da Vida Maior. Reflita que, em
breve tempo, estará em contato, embora ligeiro, com os irmãos domiciliados no
Mundo Espiritual [...] e antecipe o cultivo da simpatia e do respeito, da
compaixão produtiva e da bondade operosa para com todos aqueles que perderam o
corpo físico sem a desejada maturação espiritual.
b) A prece
durante a reunião mediúnica O Espiritismo aconselha o hábito da prece antes e
após as suas reuniões: Se o Espiritismo proclama a sua utilidade, não é por
espírito de sistema, mas porque a observação permitiu constatar a sua eficácia
e o modo de ação.
Além da ação
puramente moral, o Espiritismo nos mostra na prece um efeito de certo modo
material, resultante da transmissão fluídica. Em certas moléstias, sua eficácia
é constatada pela experiência, conforme demonstra a teoria.
Sobrevindo o
momento exato em que a reunião terá começo, o orientador diminuirá o teor da
iluminação e tomará a palavra, formulando a prece inicial. Cogitará, porém, de
ser preciso, não se alongando além de dois minutos. [...] A prece, nessas
circunstâncias, pede o mínimo de tempo, de vez que há entidades em agoniada
espera de socorro, à feição do doente desesperado, reclamando medicação
substancial.
A oração final,
proferida pelo dirigente da reunião [mediúnica], obedecerá à concisão e à
simplicidade. A prece tem o poder de acalmar o Espírito comunicante
desajustado, fornecendo-lhe fluidos salutares para a sua harmonização íntima. O
médium que busca refúgio na prece cria um ambiente, em torno de si, favorável
ao amparo espiritual, livrando-o da ação nociva de certos Espíritos
inescrupulosos. A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre
associada à oração, para converter-se no instrumento da obra iluminativa do
mundo.
Como a oração é
a expressão mais alta e mais pura do pensamento traça uma via fluídica, que
permite às Entidades do Espaço descerem até nós e comunicar-se; nos grupos
constitui um meio favorável à produção de fenômenos de ordem elevada, ao mesmo
tempo que os preserva contra os maus Espíritos.
c) A prece e o
vampirismo espiritual*
* Vampirismo
espiritual: forma de obsessão em que a entidade desencarnada se alimenta dos
fluidos vitais do encarnado, desvitalizando-o.
A oração é o mais
eficiente antídoto do vampirismo. A prece não é movimento mecânico de lábios,
nem disco de fácil repetição no aparelho da mente. É vibração, energia, poder.
A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de
inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças
ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes
superiores. Dentro dessa realização, o Espírito, em qualquer forma, pode emitir
raios de espantoso poder. Constantemente [...] cada um de nós recebe trilhões
de raios de vária ordem e emitimos forças que nos são peculiares e que vão
atuar no plano da vida, por vezes em regiões muitíssimo afastadas de nós. Nesse
círculo de permuta incessante, os raios divinos, expedidos pela oração
santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperação eficiente e
definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência.
Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda
criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento,
transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade.
Fonte: http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/06/Mo%CC%81dulo-1-Tema-6-A-prece-segundo-o-espiritismo.pdf
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